quarta-feira, 10 de junho de 2009

Referência bibliográfica:

SÁ, Cristina Manuela (2009). Papel da fábula no desenvolvimento de competências gerais no 1º Ciclo do Ensino Básico: uma perspectiva de interdisciplinaridade. [publicado em http://www.casadaleitura.org/]

Resumo:
O projecto descrito neste texto foi concretizado no Seminário que oriento, inserido no plano de estudos do 4º Ano da Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo, da Universidade de Aveiro.
O trabalho realizado foi levado a cabo com duas turmas do 1º Ano e visava promover a interdisciplinaridade e demonstrar que o estudo de fábulas permitiria desenvolver competências essenciais e específicas em crianças a frequentar este nível de ensino.

Texto publicado:

Papel da fábula no desenvolvimento de competências gerais no 1º Ciclo do Ensino Básico: uma perspectiva de interdisciplinaridade

1. Contextualização
A experiência descrita neste texto refere-se ao percurso realizado por um grupo de alunas da Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo, da Universidade de Aveiro, que frequentaram a disciplina de Seminário (Área de Português Língua Materna), sob a minha orientação, durante o ano lectivo de 2004/05.
Convém referir que estas alunas se integravam em dois núcleos de Prática Pedagógica distintos, pelo que, inevitavelmente, o trabalho prático relacionado com a implementação e avaliação do projecto de investigação-acção concebido teria de ser desenvolvido em duas escolas diferentes.
No entanto, ambos os núcleos estariam a trabalhar com alunos do 1º Ano de Escolaridade, no 2º Semestre de Prática Pedagógica (que decorreu entre Fevereiro e Maio de 2005).

2. A experiência de investigação-acção
A experiência de investigação-acção levada a cabo pôde contar com o apoio das duas professoras cooperantes que orientaram as actividades de Prática Pedagógica das alunas no 2º Semestre.
Tal como no ano anterior e tendo em conta as características de base do seminário por mim orientado, o projecto implicou a leccionação de uma unidade didáctica centrada no ensino/aprendizagem da leitura.
O trabalho realizado visava:
- demonstrar que o estudo de fábulas, no 1º Ciclo do Ensino Básico, permitiria desenvolver uma panóplia de competências essenciais e específicas, em crianças a frequentar este nível de ensino;
- promover a interdisciplinaridade.
Foram várias as etapas percorridas pelas alunas do seminário até ao final do ano lectivo em que o frequentaram.
Tal como aconteceu em relação ao projecto desenvolvido no ano lectivo anterior (2003/04), de seguida, vai-se expor, de uma forma reflexiva, as principais etapas desse percurso.
No entanto, esta apresentação será menos detalhada do que a relativa ao projecto sobre as finalidades da leitura, uma vez que o trabalho desenvolvido no âmbito do seminário tem características gerais que se repetem de ano para ano. Tendo-se feito referência a esses aspectos no artigo relativo ao seminário do ano lectivo de 2003/04, não interessa repeti-las neste contexto.
De qualquer modo e sempre com a intenção de facilitar a apresentação do trabalho, tornando-a mais clara para o leitor, esta vai ser dividida em três etapas essenciais: a concepção, a implementação e a avaliação do projecto.
2.1. Concepção
A primeira etapa do processo decorreu sensivelmente entre Setembro de 2004, mês em que demos início às actividades do seminário, e Dezembro do mesmo ano, altura em que terminou o 1º Semestre do ano lectivo de 2004/05.
Como acontece em todos os anos lectivos, foi essencialmente consagrada à concepção do projecto, processo que compreende várias sub-etapas.
2.1.1. Selecção da problemática a tratar
Logo no início do seminário, as alunas nele inscritas manifestaram interesse em realizar um trabalho centrado no desenvolvimento de competências essenciais, tal como elas são definidas no Currículo Nacional do Ensino Básico (Ministério da Educação, 2001).
Tendo em conta o facto de que estas competências deverão ser desenvolvidas através das diferentes áreas curriculares, disciplinares ou não disciplinares, pareceu às alunas que seria indispensável realizar com os alunos actividades que assentassem numa clara interdisciplinaridade.
Por outro lado, dado que o seminário deveria ser centrado no aprofundamento dos seus conhecimentos e competências relacionados com o ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa no 1º Ciclo do Ensino Básico, as alunas propuseram que se trabalhasse a partir de textos aliciantes para as crianças e relacionados com o domínio da língua do território . A fábula foi seleccionada como o género narrativo que reunia estas duas potencialidades.
No primeiro mês de aulas (entre Setembro e Outubro de 2004), como habitualmente, as sessões foram consagradas à reflexão sobre o papel da investigação no exercício da profissão docente, formas de fazer investigação em educação, a importância da investigação-acção como auxiliar na implementação de uma prática pedagógica inovadora e reflexiva e procedimentos essenciais na concepção, implementação e avaliação de projectos de investigação-acção e ainda à apresentação e exploração de projectos desta natureza levados a cabo por professores em exercício com os seus alunos e de monografias resultantes de seminários de anos lectivos anteriores.
Posteriormente, chegou a altura de definir a temática em que o projecto deste ano lectivo seria centrado.
Assim, em Novembro de 2004, já as alunas se sentiam em condições de começar a delinear os fundamentos teóricos da temática que desejavam trabalhar com as crianças do 1º Ano de Escolaridade, que iriam acompanhar no 2º Semestre da Prática Pedagógica, e mesmo alguns aspectos da implementação prática do projecto.
No fundo, tratava-se de seleccionar fábulas cujo estudo fosse motivador para crianças a frequentar o 1º Ano e, a partir delas, preparar actividades relacionadas com a sua exploração nas diferentes áreas curriculares, a fim de desenvolver algumas das competências essenciais definidas pelo Ministério da Educação para o Ensino Básico e competências específicas relacionadas com as diferentes áreas curriculares abordadas nas aulas.
2.1.2. Delineação do projecto
Tendo discutido o tema seleccionado, concluímos que, antes de passar à elaboração de uma planificação de base (já que o projecto seria desenvolvido em duas escolas do 1º Ciclo, o que implicava a sua adaptação aos diferentes contextos), seria necessário trabalhar dois aspectos:
- a elaboração das linhas gerais dos fundamentos teóricos da experiência a levar a cabo junto dos alunos;
- a selecção das competências gerais, a definir a partir do Currículo Nacional para o Ensino Básico (Ministério da Educação, 2001), e das competências específicas de cada uma das áreas curriculares a trabalhar, a definir a partir do programa para o 1º Ciclo do Ensino Básico (Ministério da Educação, 1998).
As estratégias/actividades a incluir nessa planificação teriam de ser subordinadas às opções feitas em termos de competências – gerais e específicas – a desenvolver nos alunos.
A primeira parte deste processo (consagrada à elaboração das linhas gerais dos fundamentos teóricos da experiência e à selecção das competências gerais e competências específicas a desenvolver nos alunos) ocupou as sessões entre Novembro e Dezembro de 2004.
Tendo reflectido conjuntamente sobre a problemática a abordar no projecto e a forma como a pretendíamos trabalhar, concluímos que precisávamos de reunir alguma informação teórica sobre os seguintes tópicos (que constituíriam os fundamentos teóricos do projecto): (i) natureza e características da fábula; (ii) sua origem; (iii) principais escritores que a promoveram (viana, 1942); (iv) conceito de interdisciplinaridade e sua operacionalização (alves, garcia, 2000; POMBO, GUIMARÃES, LÉVY, 1994; santomé, 1998).
Seguiu-se um período consagrado à pesquisa de informação (em variados suportes escritos, incluindo a internet) e ao tratamento dessa informação (através da leitura e da tomada de notas).
Concluída esta fase, pudemos sintetizar, de forma acessível, o essencial da informação reunida.
Paralelamente, trabalhámos na elaboração de um quadro-síntese onde consignámos as opções por nós feitas em termos de competências gerais e competências específicas a desenvolver nas crianças a partir do trabalho levado a cabo com elas no âmbito do projecto, relacionado com diferentes áreas curriculares que seriam abordadas no decurso desta experiência (ver Anexo 1).
De acordo com a informação prestada nesse quadro, foram seleccionadas as seguintes competências gerais:
- usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio;
- adoptar metodologias de trabalho e de aprendizagem adequadas a objectivos visados;
- mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações do quotidiano;
- cooperar com os outros em tarefas comuns;
- relacionar harmoniosamente o corpo com o espaço, numa perspectiva pessoal e interpessoal promotora da saúde e da qualidade de vida.
O mesmo quadro revela-nos ainda que algumas destas competências pareciam ser mais fáceis de relacionar com todas as áreas curriculares do que outras. A última competência referida só foi relacionada com algumas das áreas trabalhadas (Estudo do Meio, Expressão Musical e Expressão e Educação Físico-Motora).
Como se depreende da consulta deste quadro, foram também seleccionadas competências específicas a trabalhar em cada área, que nos pareceram inter-relacionadas com as competências gerais escolhidas, a problemática a tratar e o nível dos alunos com quem a experiência iria ser desenvolvida.
No caso da Língua Portuguesa, relacionámos as quatro primeiras competências gerais referidas na lista acima apresentada com as seguintes competências específicas, referidas no Currículo Nacional do Ensino Básico (Ministério da Educação, 2001):
- capacidade de se exprimir de forma confiante, clara e audível com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo;
- capacidade de decifrar de forma autónoma cadeias grafemáticas para localizar informação em material escrito e para apreender o significado global de um texto curto;
- capacidade para produzir textos escritos com diferentes objectivos comunicativos.
Incluímos também neste quadro algumas sugestões de actividades a realizar a partir das fábulas a estudar, com o fim de desenvolver nos alunos do 1º Ano as competências gerais e específicas seleccionadas.
Usando ainda a Língua Portuguesa como exemplo (já que o seminário se centrava na sua leccionação), podemos verificar, através do quadro, que:
- a capacidade de se exprimir de forma confiante, clara e audível com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo seria desenvolvida através de actividades como recontar oralmente a fábula, inventar um novo fim para a história e contá-lo oralmente ou exprimir oralmente a sua opinião sobre a moral da história;
- a capacidade de decifrar de forma autónoma cadeias grafemáticas para localizar informação em material escrito e para apreender o significado global de um texto curto seria trabalhada através de actividades como associar imagens a frases relacionadas com elementos da fábula (personagens, espaços, peripécias da acção) ou procurar a palavra-pirata numa lista de palavras relacionadas com a fábula em estudo;
- a capacidade para produzir textos escritos com diferentes objectivos comunicativos estaria associada a actividades como escrever palavras e frases relacionadas com a história (com a ajuda do professor) ou escrever frases sobre um novo fim inventado para a história.
Nesta etapa do seminário, delineámos ainda outros aspectos do projecto, recorrendo, como habitualmente, a um guião pré-existente (cf. Alarcão, 1999) e à análise de trabalhos já realizados por outros grupos de seminário.
Assim, definimos objectivos para o trabalho a realizar.
Após aturada discussão, concluímos que teríamos de formular objectivos mais directamente relacionados com a promoção da interdisciplinaridade a partir do estudo de fábulas e outros mais concretamente relacionados com o desenvolvimento de competências gerais e específicas a partir deste género narrativo.
Eis os nossos objectivos:
- promover a interdisciplinaridade;
- desenvolver competências específicas, no âmbito das diferentes áreas curriculares, em alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico;
- contribuir para o desenvolvimento de competências geraus relacionadas com a frequência do Ensino Básico.
Também formulámos questões de investigação, isto é, perguntas para as quais se pretendia obter resposta através do projecto de investigação-acção:
- Será que é possível, recorrendo à exploração de fábulas:
• promover a interdisciplinaridade no 1º Ciclo do Ensino Básico?
• desenvolver competências específicas no âmbito das diferentes áreas curriculares?
• contribuir para o desenvolvimento de competências gerais relacionadas com a frequência do Ensino Básico?
Definimos também os papéis que caberiam aos diversos participantes no projecto.
Assim:
- às alunas do seminário, futuras professoras do 1º Ciclo do Ensino Básico, competiria planificar as actividades a realizar (com base em sólidos fundamentos teóricos), aplicar essas actividades em sala de aula, avaliar a experiência realizada e propôr sugestões de reformulação, sempre coadjuvadas pela professora orientadora do seminário e, tanto quanto possível, pelas professoras cooperantes que as acompanhassem em Prática Pedagógica;
- às crianças, pedia-se-lhes que procurassem participar activamente nas actividades levadas a cabo na sala de aula e que colaborassem na avaliação dessas actividades.
2.2. Desenvolvimento do projecto
2.2.1. Planificação das actividades e elaboração dos materiais
Entre Janeiro e Março de 2005, centrámos as nossas sessões na elaboração de planificações das actividades a desenvolver no âmbito do projecto, adaptadas aos diferentes contextos em que este iria decorrer, e dos materiais que seria necessário utilizar no seu desenvolvimento.
Uma vez que as actividades iriam ser desenvolvidas em duas escolas, seleccionámos duas fábulas (uma para cada escola). As fábulas seleccionadas foram A raposa e as uvas e O corvo e a raposa, duas histórias sobejamente conhecidas.
As professoras cooperantes foram ouvidas na escolha das versões das fábulas a utilizar com os seus alunos.
As planificações para as duas escolas foram elaboradas com base no quadro apresentado no Anexo 1, tendo sido negociadas com as professoras cooperantes.
Tendo em conta as características das escolas, ficou decidido que havia áreas curriculares que seriam trabalhadas em ambos os contextos (Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio) e outras que seriam trabalhadas num só (numa escola, foram trabalhadas apenas a Expressão Dramática e a Expressão Plástica, enquanto que, na outra escola, foram trabalhadas a Expressão Musical e a Expressão e Educação Físico-Motora).
Por outro lado, neste momento, deparámo-nos com algumas dificuldades relacionadas com o tipo de público com quem o projecto iria ser implementado, que exigiram uma reflexão mais relacionada com o conhecimento prático e a consulta da professora cooperante.
Com efeito, ao seleccionar as actividades a levar a cabo com estas crianças, precisámos de ter em conta o facto de estas ainda não saberem propriamente ler e escrever ou, pelo menos, não terem ainda desenvolvido competências muito aprofundadas nestes domínios, o que implicou a previsão de actividades em que teriam de ser muito acompanhadas pelos professores;
Foi também necessário definir cuidadosamente como seria feita a avaliação do projecto, ou seja, que dados se iriam recolher e como seriam estes tratados.
Tendo em conta a natureza do projecto, pareceu-nos que precisávamos de recolher dados relativos a duas dimensões: a operacionalização da interdisciplinaridade e o desenvolvimento de competências essenciais e específicas.
Relativamente à operacionalização da interdisciplinaridade, ficou decidido que seriam recolhidos dados relativos:
- à própria construção do projecto, correspondendo essencialmente ao quadro acima referido (ver Anexo 1) e a um texto de fundamentação teórica do mesmo;
- às representações das professoras cooperantes que acompanharam o projecto, a recolher a partir de entrevistas semi-estruturadas;
- às representações das próprias alunas do seminário, que deveriam redigir testemunhos individuais sobre a sua participação neste projecto.
Cada professora cooperante foi entrevistada duas vezes: uma antes de se dar início à implementação do projecto e outra após o encerramento das actividades do mesmo. Os dados decorrentes das entrevistas seriam objecto de uma análise de conteúdo.
Relativamente ao desenvolvimento de competências (gerais e específicas), foi determinado que seriam recolhidos dados relativos:
- aos trabalhos elaborados pelos alunos, produto da sua participação na experiência; por conseguinte, alguns trabalhos dos alunos, relacionados com as diferentes áreas curriculares trabalhadas durante a implementação do projecto, seriam recolhidos e analisados a partir de grelhas de verificação previamente construídas;
- ao processo, com base na observação directa e a partir de registos (fotografias);
- à própria consciência dos alunos acerca das aprendizagens feitas, obtidos a partir do preenchimento de um questionário;
- à consciência dos professores cooperantes sobre as aprendizagens feitas pelos alunos, recolhidos a partir das entrevistas referidas anteriormente.
Com base na análise de todos estes dados, esperávamos obter respostas para as nossas questões de investigação.
Por conseguinte, até ao fim de Março de 2005, foi ainda preciso preparar os instrumentos necessários para recolher alguns dados (guiões para as entrevistas a fazer às professoras cooperantes, questionário a aplicar aos alunos do 1º Ano) e analisar outros (listas de verificação destinadas à análise dos trabalhos realizados pelas crianças que as professoras decidissem recolher).
Foram elaboradas listas de verificação para diferentes áreas curriculares e diversos para tipos de tarefas:
- para a Língua Portuguesa,
• reconto da fábula,
• ordenação de imagens da história e respectivas legendas,
• construção de uma nova peripécia para a história;
- para a Matemática,
• resolução de situações problemáticas;
- para o Estudo do Meio,
• indicação das características morfológicas dos animais envolvidos na fábula;
- para a Expressão Plástica,
• construção de adereços para uma dramatização;
- para a Expressão Dramática,
• dramatização da fábula;
- para a Expressão Musical,
• construção de instrumentos musicais;
- para a Expressão e Educação Físico-Motora,
• participação em jogos relacionados com a fábula.
Por falta de espaço, não é possível apresentar em anexo todas estas listas de verificação. Dado que o seminário está centrado no ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa, serão apresentadas apenas as listas de verificação relativas a esta área curricular (ver Anexos 2, 3 e 4).
2.2.2. A implementação
Esta parte do processo decorreu durante o mês de Abril de 2005.
Como havia duas escolas envolvidas no processo, cada uma com as suas características e o seu ritmo, e como era preciso conjugar as actividades inseridas no projecto com a planificação elaborada pelas escolas para o 1º Ano, nem sempre os dois subgrupos do seminário puderam andar a par.
Mesmo assim, foi possível concluir as actividades sensivelmente na mesma altura, em fins de Abril de 2005.
Nesse mês, as sessões do seminário foram consagradas à discussão do andamento dos trabalhos, à resolução dos problemas pontuais que iam surgindo, à aferição dos dados a recolher e dos instrumentos destinados à sua recolha e análise.
2.3. A avaliação da experiência
Esta última parte do processo (juntamente com a elaboração do relatório escrito do projecto desenvolvido) ocupou o mês de Maio e uma parte do mês de Junho de 2005.
Como já dissemos anteriormente, a avaliação desta experiência incidiu sobre dois aspectos essenciais:
- a operacionalização da interdisciplinaridade;
- o desenvolvimento de competências gerais e específicas, a partir de actividades relacionadas com diferentes áreas curriculares, sempre centradas na exploração de uma fábula.
2.3.1. Em termos do seu contributo para a operacionalização da interdisciplinaridade
Como já foi explicitado, considerámos que o facto de termos conseguido elaborar um quadro:
- compreendendo competências gerais e competências específicas a desenvolver nos alunos, relacionadas entre si e com diferentes áreas curriculares;
- apresentando sugestões de actividades para trabalhar todas essas competências nas diferentes áreas curriculares a partir da exploração de uma fábula;
era a prova cabal de que, de facto, se podia promover a interdisciplinaridade a partir da exploração deste género narrativo.
Recorde-se que as planificações decorrentes da elaboração deste quadro foram negociadas com as duas professoras cooperantes envolvidas no projecto, tendo em conta não só o facto de serem as docentes responsáveis pelas turmas com quem as actividades iriam ser concretizadas, mas sobretudo a sua experiência de ensino no 1º Ciclo.
Tal como previsto, recorremos ainda à análise de conteúdo das respostas dadas pelas professoras cooperantes às entrevistas que lhes foram feitas, antes e depois da realização da experiência.
Logo nas primeiras entrevistas, as professoras cooperantes revelaram que, efectivamente, viam a fábula como um recurso que permitiria promover a interdisciplinaridade, isto é, que poderia ser explorado através de actividades relacionadas com diferentes áreas curriculares. No entanto, uma das professoras cooperantes afirmou que a exploração de fábulas para a abordagem de conhecimentos relacionados com a Matemática lhe parecia difícil, embora não fosse impossível. Na sua opinião, requeria um particular esforço de planificação.
É compreensível que as professoras cooperantes manifestassem esta sensibilidade à exploração da fábula como um recurso didáctico importante para a abordagem de todas as áreas do currículo do 1º Ciclo. Se assim não fosse, ter-lhes-ia sido difícil (senão impossível) participar neste projecto.
Nas entrevistas realizadas após a conclusão da experiência em cada escola, as professoras cooperantes continuaram a manifestar esta opinião, mas mostraram-se mais críticas relativamente à possibilidade de explorar a fábula nas diferentes áreas curriculares. Uma delas afirmou que as áreas em que se tinha obtido mais êxito tinham sido a Língua Portuguesa e as Expressões, considerando que tinham sido trabalhadas mais competências relacionadas com estas áreas curriculares. A outra professora destacou também estas áreas curriculares e acrescentou a Matemática, justificando a sua resposta com o bom trabalho feito em termos de estabelecimento de relações entre as actividades a realizar nessas diferentes áreas curriculares e a fábula estudada (trabalho esse que se manifestou, certamente, tanto ao nível da planificação, como ao nível da execução).
Com base em todo o trabalho feito (em termos de planificação, execução e avaliação de actividades), as alunas do seminário concluíram que, efectivamente, era possível promover a interdisciplinaridade no 1º Ciclo, aproveitando o regime de monodocência e recorrendo à fábula como material didáctico de base.
Contudo, também elas reconheceram que não era igualmente fácil explorar esse material nas diferentes áreas curriculares.
2.3.2. Em termos do seu contributo para o desenvolvimento de competências gerais e específicas nas crianças
Esta experiência conduziu a algumas aprendizagens interessantes por parte das crianças que nela foram envolvidas.
Para começar, serão apresentadas as observações que foi possível fazer a partir da análise dos trabalhos realizados pelos alunos com base nas listas de verificação por nós elaboradas.
Referiremos em pormenor apenas as observações feitas a partir das listas de verificação relativas às actividades realizadas para a Língua Portuguesa.
Verificámos que:
- na actividade de reconto, havia aspectos que as crianças referiam com mais frequência e facilidade (identificação das personagens intervenientes e das peripécias da história), enquanto que outros suscitavam mais dificuldades (nomeadamente, a caracterização das personagens e a localização espácio-temporal); sentimos que as dificuldades registadas derivavam da forma como as fábulas tinham sido apresentadas (era fácil identificar as personagens, porque estas figuravam no próprio título das fábulas, mas não tão fácil caracterizá-las, porque os textos eram curtos e não forneciam muita informação sobre estas, pelo que teria sido importante trabalhar um pouco a sua caracterização a partir das próprias imagens e da análise das peripécias, no momento da apresentação e exploração inicial das fábulas; também era fácil identificar as peripécias da história, devidamente reveladas pela interacção texto-imagem e bem exploradas no diálogo que se seguiu à apresentação das fábulas, mas muito mais difícil recolher dados relativos à localização espácio-temporal, menos enfatizada sobretudo ao nível do texto, dadas as características específicas da fábula; no entanto, no que diz respeito ao espaço, podia-se ter feito uma melhor exploração das imagens; esse trabalho acabou por ser feito nas actividades relativas ao Estudo do Meio, em que foram exploradas as características morfológicas dos animais e a sua relação com o seu habitat);
- na actividade de ordenação das imagens da história e respectivas legendas, as crianças não manifestaram qualquer dificuldade na primeira parte da tarefa (que consistia em ordenar as imagens tendo por base o que recordavam das peripécias da história e do seu encadeamento), mas tiveram bastantes dificuldades na segunda parte (que implicava ler frases dadas e associá-las às várias imagens fornecidas, utilizando-as como legendas); é fácil de compreender que estas dificuldades derivaram do baixo nível de competências que as crianças ainda revelavam em termos de decifração de enunciados escritos e sua compreensão; as crianças de uma das escolas manifestaram menos dificuldades nesta segunda parte da tarefa, porque as professoras tinham trabalhado mais o texto da fábula aquando da sua exploração inicial, pelo que parece valer a pena investir neste tipo de trabalho);
- na actividade de construção de uma nova peripécia para a fábula (que só foi realizada numa das escolas), obtiveram-se resultados semelhantes aos do reconto; assim, as crianças foram capazes de retomar as personagens da fábula e, inclusive, de nela incluir novas personagens; mas estas eram apenas nomeadas, não sendo feita nenhuma caracterização das mesmas; as peripécias referidas eram devidamente identificadas e articuladas entre si; não foi feita a localização temporal, o que aliás não é muito valorizado pela fábula; a localização espacial foi tratada com mais cuidado, provavelmente porque este aspecto é melhor contemplado no texto – que, entretanto, tinha sido trabalhado de uma forma mais profunda, até em actividades ligadas a outras áreas curriculares – e, certamente, também porque as crianças introduziram novos espaços na história).
Tendo em conta as observações feitas a partir das listas de verificação relativas às tarefas das diferentes áreas curriculares trabalhadas, constatámos que as crianças desenvolveram algumas competências específicas relacionadas com essas mesmas áreas:
- em Língua Portuguesa,
• o conhecimento de vocabulário diversificado (através da exploração, sobretudo oral, dos textos e das imagens das fábulas estudadas),
• a capacidade de se exprimir de forma confiante, clara e audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo (por exemplo, a partir do diálogo que acompanhou a tarefa de construção de uma nova peripécia para a história), manifestando, no entanto, algumas dificuldades derivadas da má dicção (que dificultava a compreensão do seu discurso) e da escassez de vocabulário,
• a capacidade de extrair e reter informação essencial de discursos em Português padrão (a partir das actividades de reconto e de ordenação de imagens alusivas à fábula e respectivas legendas),
• a capacidade de decifrar cadeias grafemáticas e de localizar informação em material escrito, que precisa de ser bastante trabalhada, realizando actividades semelhantes às que foram propostas nesta experiência e outras, já que as crianças revelaram bastantes dificuldades nestes domínios;
• a capacidade para produzir textos escritos com diferentes objectivos comunicativos (essencialmente, a partir do registo escrito da nova peripécia construída para uma das fábulas estudadas);
- em Matemática,
• numa das escolas, desenvolveram a compreensão do sistema de numeração de posição e do modo como este se relaciona com os algoritmos das quatro operações, o reconhecimento dos números inteiros e de formas de os representar e relacionar e a capacidade de usar as propriedades das operações em situações concretas, a partir de actividades em que lhes eram apresentadas situações problemáticas relacionadas com a fábula estudada;
• na outra, também com base em situações problemáticas relacionadas com a fábula estudada, desenvolveram o reconhecimento dos números inteiros e de formas de os representar e relacionar a partir da identificação visual de percursos, da comparação dos mesmos a partir de medições ou visualmente, da ordenação dos mesmos em função de critérios pré-estabelecidos (tendo manifestado algumas dificuldades neste último aspecto por não dominarem bem os conceitos de ordem crescente e ordem decrescente);
- em Estudo do Meio,
• o reconhecimento da existência de semelhanças e diferenças entre seres vivos (através da caracterização morfológica dos animais que figuram nas fábulas),
• a identificação da relação entre as características físicas do meio e as características e comportamentos dos seres vivos (através do estudo do tipo de alimentação e do habitat desses animais);
- em Expressão Plástica (trabalhada apenas numa das escolas), a capacidade de ilustrar visualmente temas e situações (através da construção de objectos alusivos às personagens da fábula estudada e a outros elementos desta e de adereços para a respectiva dramatização);
- em Expressão Dramática (trabalhada apenas numa das escolas),
• a capacidade de participar na criação oral de histórias (ao prepararem a dramatização da fábula estudada),
• a capacidade de realizar improvisações e dramatizações a partir de histórias simples (através da própria actividade de dramatização);
- em Expressão Musical (trabalhada apenas numa das escolas), a capacidade de tocar as suas músicas e as dos outros utilizando instrumentos convencionais e não convencionais (através de actividades centradas na construção de instrumentos a partir de material reciclável e na sua utilização para acompanhar a interpretação de uma canção alusiva à fábula estudada construída a partir da melodia de uma outra canção à qual foi associada uma letra criada pelas próprias crianças);
- em Expressão e Educação Físico-Motora (trabalhada apenas numa das escolas), a partir da realização de jogos relacionados com situações da fábula estudada,
• a capacidade de participar em actividades físico-motoras, ajustando a sua iniciativa própria e as qualidades motoras à situação e ao seu objectivo, realizando habilidades básicas e acções técnico-tácticas,
• a capacidade de cooperar com os companheiros em exercícios, compreendendo e aplicando as regras combinadas com a turma e os princípios de cordialidade e respeito na relação com outros.
Foram várias as competências gerais desenvolvidas:
- usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio, através das actividades desenvolvidas
• na área curricular do mesmo nome (por exemplo, reconto oral da fábula e construção de uma nova peripécia para a história),
• em Estudo do Meio (através da caracterização morfológica dos animais que figuravam nas fábulas),
• em Expressão Dramática (através da dramatização da fábula),
• em Expressão e Educação Físico-Motora (através da apresentação dos jogos e da explicação das suas regras);
- adoptar metodologias de trabalho e de aprendizagem adequadas a objectivos visados, sobretudo a partir de tarefas realizadas
• em Expressão Plástica (por exemplo, para construir elementos visuais alusivos à história),
• emExpressão Dramática (através da dramatização da fábula);
- mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano, nomeadamente através das actividades realizadas
• em Matemática (resolução de situações problemáticas e comparação de itinerários),
• em Estudo do Meio (caracterização morfológica dos animais que figuravam nas fábulas),
• em Expressão e Educação Físico-Motora (através da adaptação de jogos já conhecidos para criar novos jogos, alusivos à fábula estudada);
- cooperar com os outros em tarefas comuns, através de actividades realizadas
• em Língua Portuguesa (por exemplo, construir uma nova peripécia para a história),
• em Expressão Plástica (construir elementos visuais alusivos à história),
• em Expressão Dramática (preparar a dramatização da fábula),
• em Expressão Musical (construir instrumentos musicais, criar a letra para a canção alusiva à fábula estudada, interpretar a canção),
• em Expressão e Educação Físico-Motora (participar nos jogos);
- relacionar harmoniosamente o corpo e o espaço, numa perspectiva pessoal e interpessoal, promotora da saúde e da qualidade de vida, alcançada sobretudo em Expressão e Educação Físico-Motora (através da participação nos jogos).
Também as entrevistas feitas às professoras cooperantes após a conclusão da experiência nos forneceram dados sobre o desenvolvimento de competências gerais e específicas por parte das crianças nela envolvidas.
As professoras cooperantes consideraram que, uma vez implementadas as planificações relativas à experiência e avaliado o desempenho das crianças, as competências específicas e gerais que se pretendia trabalhar foram desenvolvidas com maior ou menor êxito (conforme os casos), já que as actividades nelas previstas eram adequadas.
Passando ao pormenor, uma das professoras cooperantes considerou que a Língua Portuguesa e as Expressões tinham trabalhadas com mais êxito do que as outras áreas curriculares. A outra professora considerou que as áreas em que tinha havido mais sucesso tinham sido a Língua Portuguesa e a Expressão Musical, mas pô-las a par da Matemática e do Estudo do Meio, porque tinha sido possível, com base na planificação feita e na sua execução, explorar a fábula estudada nestas diferentes áreas curriculares.
Ambas as professoras sentiram que, de algum modo, os alunos tinham também desenvolvido as competências gerais referidas no quadro que serviu de base à elaboração das planificações. Mas uma delas fez alguns comentários que apontam para uma melhor abordagem de duas das competências gerais referidas: usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio e cooperar com os outros em tarefas comuns.
A análise das respostas dadas ao questionário passado aos alunos não foi muito produtiva. Contrariamente ao que tinha acontecido no projecto do ano lectivo anterior, em que foi possível recolher dados muito interessantes a partir de um instrumento do mesmo tipo, os alunos deste ano manifestaram muita dificuldade em responder ao questionário que lhes foi passado, apesar de terem sido esclarecidos sobre as perguntas feitas.
Mesmo assim, é de sublinhar que as crianças gostaram particularmente das actividades ligadas às áreas das Expressões (Musical, Plástica e Físico-Motora), talvez por serem áreas curriculares menos trabalhadas habitualmente. Já mostraram menos interesse pelas actividades ligadas à Matemática e ao Estudo do Meio (que lhes pareceram mais difíceis) e a uma das actividades da Língua Portuguesa – o reconto da fábula – por ser muito habitual. Mas, relativamente à Língua Portuguesa, gostaram muito da actividade de construção de uma nova peripécia para a história.
Curiosamente, verificou-se que as actividades que as crianças consideraram como mais motivadoras foram também aquelas em que tiveram mais êxito.
2.3.3. Em termos do seu contributo para o desenvolvimento profissional e pessoal das futuras professoras
Também as alunas do seminário, futuras professoras do 1º Ciclo do Ensino Básico, fizeram algumas aprendizagens ao longo deste processo.
Assim, foram capazes de:
- aliar teoria e prática, através
• da definição de uma problemática a tratar (no seminário e, simultaneamente, em Prática Pedagógica),
• da pesquisa e tratamento de informação teórica sobre a temática seleccionada, fazendo apelo a conhecimentos adquiridos anteriormente,
• da delineação e implementação de um projecto de investigação-acção centrado nessa temática (em que a elaboração do quadro orientador a partir do qual foram planificadas e avaliadas as actividades a desenvolver com os alunos desempenhou um papel fundamental),
• também da avaliação do projecto e da apresentação de propostas para a sua reformulação;
- reflectir sobre a sua prática pedagógica, quando
• procederam à adaptação do plano de trabalho aos diversos contextos em que este deveria ser operacionalizado, na fase de planificação,
• fizeram outros ajustamentos, já no decurso da implementação do projecto,
• avaliaram o trabalho realizado e apresentaram sugestões para a sua reformulação.
No relatório escrito do projecto, figura o seguinte parágrafo, através do qual as futuras professoras afirmam a sua satisfação relativamente ao trabalho desenvolvido: “Os resultados que obtivemos vão de encontro às nossas expectativas iniciais. Propusemo-nos tentar promover a interdisciplinaridade através da exploração da fábula e conseguimos, porque todo o nosso trabalho de sala de aula surgiu de forma dinâmica, numa perspectiva de desenvolvimento articulado das competências essenciais e específicas que lhe estavam associadas.” (CORREIA, CUNHA, PINHO et al., 2005: 60).

Bibliografia
ALARCÃO, Isabel (1999). A construção do meu plano de investigação. Aveiro, Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado].
ALMEIDA, Eunice, VIDAl, Maria Amélia (2001). A Bruxa Mimi vai à escola: desenvolver competências de expressão oral, leitura e escrita através do conto maravilhoso. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento polilcopiado]
ALVES, Nilda, garcia, Regina Leite (org.) (2000). O sentido da escola. Rio de Janeiro: DP & A Editora.
AMOR, Emília (2005). LITTERA – Escrita, Reescrita, Avaliação. Um projecto integrado de ensino e aprendizagem do Português. Para a construção de uma alternativa viável. Colecção “Textos de Educação”. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Serviço de Educação e Bolsas.
BIZARRO, Raquel Martins, rodrigues, Teresa Manuela, Santos, Ana Margarida (2001). O conto popular português: motivação para a recolha de produções do património literário oral. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado].
CASSANY, Daniel (1998). Reparar la escritura. Didáctica de la corrección de lo escrito. Colecção “Biblioteca de Aula”, nº 108, 6ª ed. Barcelona: Editorial Graó.
correia, Maria Helena, costa, Susana, d’amaral, Luís Simão (2000). A importância do texto narrativo no desenvolvimento da compreensão escrita e na motivação para a leitura no 1º Ano de Escolaridade. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado].
CORREIA, Inês, CUNHA, Inês, PINHO, Sónia, SEABRA, Ana Mafalda, SILVA, Joana, VIEIRA, Marta (2005). Papel da fábula no desenvolvimento de competências gerais no 1º Ciclo. do Ensino Básico: uma perspectiva de interdisciplinaridade. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado]
DUARTE, Ana Filipa, GARCEZ, Ana Rosa, lavres, Maria da Graça, Santos, Juliana, silva, Gabriel (2004). Uma viagem ao mundo da leitura: a importância de compreender as diferentes finalidades de leitura no 1º Ano do Ensino Básico. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado].
Ministério da Educação (1998). Organização curricular e programas: Ensino Básico - 1º Ciclo. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica.
Ministério da Educação (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico. Competências essenciais. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica.
Pereira, Maria Luísa Álvares (2001). Para uma didáctica textual: tipos de texto/tipos de discurso e ensino do Português. Aveiro: Universidade de Aveiro/CIFOP.
POMBO, Olga, GUIMARÃES, Henrique M., LÉVY, Teresa (1994). A interdisciplinaridade – reflexão e experiência. Lisboa: Texto Editora.
SÁ, Cristina Manuela (2002). Uma experiência de investigação-acção: desenvolvimento de competências transversais em leitura e compreensão escrita. In Paulo Feytor Pinto (coord.), Como pôr os alunos a trabalhar? Experiências formativas na aula de Português. Actas do 5º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português. (pp. 139-148). Lisboa: Associação de Professores de Português.
SÁ, Cristina Manuela (2003). Desenvolver a compreensão na leitura no 3º Ciclo do Ensino Básico. In Ana Isabel Andrade e Cristina Manuela Sá (orgs.), A intercompreensão em contextos de formação de professores de línguas: algumas reflexões didácticas. (pp. 55-63). Aveiro: Universidade de Aveiro.
SÁ, Cristina Manuela (2004). Leitura e compreensão escrita no 1º Ciclo do Ensino Básico: algumas sugestões didácticas. Aveiro: Universidade de Aveiro.
SANTOMÉ, Jurgo Torres (1998). Globalização e interdisciplinaridade. O currículo integrado. Porto Alegre: Artmed Editora.
VIANA, Mário Gonçalves (1942). Fabulário. Porto: Porto Editora.
Web grafia
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/vdt/vdttxt3.htm (consultado em 18 de Dezembro de 2004).
http://sitededicas.uol.com.br/cfab.htm (consultado em 26 de Setembro de 2005).
www.rede-nonio.min-edu.pt/1cic/agrup_ovar/lp3.htm - 9k (consultado em 26 de Setembro de 2005).
http://web.ipn.pt/literatura/infantil/fabulas.htm (consultado em 26 de Setembro de 2005).



Anexos

Adaptados de:
CORREIA, Inês, CUNHA, Inês, PINHO, Sónia, SEABRA, Ana Mafalda, SILVA, Joana, VIEIRA, Marta (2005). Papel da fábula no desenvolvimento de competências gerais no 1º Ciclo. do Ensino Básico: uma perspectiva de interdisciplinaridade. Aveiro: Universidade de Aveiro/Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa [Documento policopiado]



Anexo 1 – Operacionalização do projecto

Área curricular
Língua Portuguesa

Competências gerais
- Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio
- Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem, adequadas a objectivos visados
- Mobilizar saberes culturais científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano
- Cooperar com os outros em tarefas e projectos comuns

Competências específicas
- Capacidade de se exprimir de forma confiante, clara e audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo
- Capacidade de decifrar de forma autónoma cadeias grafemáticas para localizar informação em material escrito e para apreender o significado global de um texto curto
- Conhecimento de vocabulário diversificado
- Capacidade para produzir textos escritos com diferentes objectivos comunicativos

Actividades propostas
- Recontar oralmente a fábula
- Ordenar imagens relativas à acção da fábula e descrevê-las oralmente
- Responder oralamente a perguntas sobre a fábula
- Formular perguntas para respostas apresentadas oralmente
- Contar oralmente uma nova peripécia da fábula
- Inventar um novo fim para a fábula e contá-lo oralmente
- Exprimir oralmente a sua opinião sobre a moral da fábula
- Jogo de provérbios – escolher provérbios adequados à moral da fábula
- Completar provérbios relacionados com a fábula
- Associar imagens a frases relacionadas com elementos da fábula (personagens, espaços, peripécias da acção)
- Procurar a palavra-pirata numa lista de palavras relacionadas com a fábula em estudo
- Escrever perguntas para respostas dadas
- Introduzir as palavas bico, esquilo e raposa
- Introduzir o singular e o plural a partir da palavra uvas
- Construir palavras a partir de sílabas Escrever (com a ajuda do professor):
* palavras e frases relacionadas com a fábula (incluindo uma frase sobre a moral da fábula)
* perguntas para respostas dadas
* um novo fim para a fábula
- Corrigir palavras em que se inserem erros propositados
- Copiar o texto da fábula

Área curricular
Estudo do Meio

Competências gerais
- Mobilizar saberes culturais científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano
- Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio
- Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem, adequadas a objectivos visados
- Cooperar com os outros em tarefas e projectos comuns

Competências específicas
- Reconhecimento da existência de semelhanças e diferenças entre seres vivos
- Identificação da relação entre as características físicas do meio e as características e comportamento dos seres vivos
- Reconhecimento de que a sobrevivência e o bem-estar humano dependem de hábitos individuais de alimentação equilibrada, higiene, actividade física e ainda de regras de segurança e de prevenção
- Reconhecimento da importância de cuidar dos seres vivos

Actividades propostas
- Comparar a raposa (mamífero) e o corvo (ave)
- Comparar a raposa (carnívoro) e o esquilo (roedor)
- Caracterizar o habitat do corvo da raposa (mata, bosque, floresta) e a sua alimentação
- Explorar situações relacionadas com a fábula que tenham a ver com segurança alimentar
- Estudar a forma de melhor cuidar dos animais

Área curricular
Matemática

Competências gerais
- Mobilizar saberes culturais científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano

Competências específicas
- Compreensão do sistema de numeração e de posição e da forma como este se relaciona com os algoritmos das quatro operações
- Conhecimento dos números inteiros e de formas de os representar e relacionar
- Reconhecimento de formas geométricas simples e aptidão para completar e inventar padrões
- Fazer conjuntos (associados ao algoritmo da adição)
- Resolver problemas

Actividades propostas
- Comparar itinerários (mais longo/mais curto)
- Trabalhar o círculo, a cor e o tamanho (a partir do queijo)
- Trabalhar padrões a partir do queijo
- Construir origamis (alusivos às personagens da fábula)

Área curricular
Expressão plástica

Competências gerais
- Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem, adequadas a objectivos visados
- Cooperar com os outros em tarefas e projectos comuns

Competências específicas
- Ilustrar visualmente temas e situações
- Explorar a relação imagem/texto na construção de narrativas visuais
- Experimentar a leitura de formas visuais em diversos contextos
- Construir adereços para uma dramatização da fábula
- Ilustrar cenários
- Fazer um desenho alusivo à peripécia da fábula que lhe pareceu mais interessante
- Fazer ilustrações para o livro da fábula
- Recontar a fábula oralmente a partir de imagens

Área curricular
Expressão Musical

Competências gerais
- Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio
- Cantar as suas músicas e as dos outros utilizando diversas técnicas vocais simples
- Adaptar a música de uma canção a uma letra nova (escrita pelos professores e pelos alunos e fazendo alusão a personagens e peripécias da fábula) e cantá-la acompanhando com instrumentos musicais

Área curricular
Expressão Dramática

Competências gerais
- Mobilizar saberes culturais científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano
- Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem, adequadas a objectivos visados
- Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio
- Cooperar com os outros em tarefas e projectos comuns

Competências específicas
- Realizar improvisações e dramatizações a partir de histórias ou situações simples
- Participar na criação oral de histórias
- Explorar o uso de máscaras, fantoches e marionetas
- Representar a história usando adereços

Actividades propostas
- Representar um fim diferente ou um episódio novo da fábula
- Representar a história usando fantoches

Área curricular
Expressão e Educação Físico-Motora

Competências gerais
- Cooperar com os outros em tarefas e projectos comuns

Competências específicas
- Participar em jogos ajustando a sua iniciativa própria e as qualidades motoras na prestação às oportunidades oferecidas para situações de jogo e ao seu objectivo, realizando habilidades básicas e acções técnico-tácticas
- Cooperar com os companheiros nos jogos e exercícios compreendendo e aplicando as regras combinadas na turma, bem como os princípios de cordialidade e respeito na relação com os colegas e professores

Actividades propostas
- Realizar jogos alusivos a peripécias da história
- Jogo “Toca e foge” (adaptado)



Anexo 2 – Lista de verificação para o reconto oral da fábula

Capacidades reveladas
- Identifica as personagens principais
- Caracteriza as personagens
- Situa a acção no tempo
- Situa a acção no espaço
- Identifica as peripécias da história
- Reconstitui a sequência lógica das peripécias
- Exprime-se oralmente de forma confiante, clara e audível



Anexo 3 – Lista de verificação para a ordenação de imagens da história e respectiva legendagem

Capacidades reveladas
- Interpreta correctamente as imagens
- Relaciona as imagens com a história
- Decifra as frases
- Apreende o sentido das frases
- Relaciona cada frase com a imagem correspondente



Anexo 4 – Lista de verificação para a construção de uma nova peripécia para a história

Capacidades reveladas
- Mantém as personagens da história
- Introduz novas personagens
- Refere o tempo
- Refere o espaço
- Inventa uma nova peripécia
- Selecciona uma peripécia coerente com a história apresentada
- Integra essa peripécia na sequência lógica da história
- Exprime-se oralmente de forma confiante, clara e audível

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